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Cafofo Preguiçoso - Poltrona Mole

"Que sei eu de arquitetura?
Bem,vai ver,tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical,de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração. E de sentar, aprendi sentando em areia ( de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier). Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milênio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela ( ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigencia de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que " tem o dengo e a moleza libetina da senzala". Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal.Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole."


Lindo texto de Millor sobre a poltrona Mole de Sergio Rodrigues.

Bom final de semana pra todos!



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